domingo, 5 de fevereiro de 2012

Porque nasci? – parte 7

Um mergulho para a cura da alma, pela descoberta do amor aos pais.

Por que nasci no Brasil?
Por que nasci em Rolim de Moura?
Por que nasci nesta casa?
Por que nasci nesta família?
Por que nasci dos meus pais?
Inúmeras repostas rondam esse dilema, e na maioria das vezes todas são carregadas de sentimentos controversos em torno desta dádiva que é nascer.
Eu já ouvi de tudo: nasci por um erro dos meus pais; nasci para ser o escravo desta casa; nasci para trazer sofrimento para minha mãe; sou fruto de uma relação extraconjugal; meu pai não me queria; minha mãe tentou me abortar; meu pai e minha mãe não tinham o que fazer; sou vítima de uma mãe que me abandonou etc..
Quase sempre as respostas são carregadas de culpa, de uma não aceitação da condição de ser humano, que é o mesmo que não aceitar o seu nascimento na face da Terra.
Já ouvi até crianças que no ventre materno tentaram suicídio enrolando-se no cordão umbilical, por presenciarem um sentimento de medo dos pais em torno de uma gravidez inesperada.
Um fato é inegável, se você está tendo oportunidade de ler esta reflexão significa que você nasceu.
Mas o que é nascer? O que é a vida?
Existem várias perspectivas dentro do ensinamento da Seicho-No-Ie para explicar o que é a Vida. E mesmo dentro do que venha a ser “Vida”, se faz necessário distinguir a diferença que existe entre a vida fenoménica, essa que se lança e vive inúmeras situações, da VIDA, imagem e semelhança de DEUS, que é a Vida que Flui Eternamente, descrita pelo fundador da Seicho-No-Ie professor Masaharu Taniguchi no Livro a Verdade da Vida volume 27.
Uma explicação que, particularmente, aprecio para compreender o significado do que é viver. É a comparação da nossa vida como a de uma grande escola.
Portanto, nascer é matricular-se nesta escola da vida chamada Terra. Uma oportunidade única para dar continuidade na sua trajectória.
E como estamos aqui reflexionando do ponto de vista, das dores da alma, e os porquês de todas as carências. Obviamente estamos estudando conceitos horizontais do ensinamento. Tomando a vida como escola, uma busca consciente para oportunizar uma reflexão e transformar o nosso modo de vida actual.
As infelicidades que muitas vezes nos atingem não são castigos que vêm de fora, infligidos a nós por Deus. Foram nossas escolhas e nossas atitudes que moldaram o mundo em que vivemos hoje.
Praticamos muitas crenças no passado, e de acordo com cada crença, fomos moldando -inclusive - o nosso modo de pensar, e praticamente o modo como vivemos.
Deste modo o nosso destino, o que nos faz nascer neste lar, nesta casa, ou viver uma determinada situação é o resultado de todas as nossas atitudes ao longo dessas muitas vidas, até os dias actuais.
Porém, se dissermos que existe uma força externa, alheia as nossas atitudes, que governam nossos destinos, estaríamos difundindo o fatalismo e esta escola terrena perderia totalmente o sentido.
É assim que crescemos, e isso é fantástico. Se não fosse por meio desses desafios a nossa vida seria tão desprovida de sentido e significado. Mas se nascemos aqui para aprender, também não devemos nos esquecer de que precisamos ensinar. E como professores da Vida, em algumas lições, nos graduamos para depois poder ensinar.
Eu mesmo já vivi inúmeras situações nesta vida. Não faz muito tempo que me curei de um câncer na garganta.
No período da descoberta e até o final de tudo, foram dias de muitas angústias, tristezas, fé, esperança e até mesmo muita raiva. E foi me dedicando na Associação Local, levando um pouco do que eu já sabia, que fui me fortalecendo. Nesta época fiz muita meditação, ouvia a Sutra à noite e praticava purificação da mente. Queimando todos os sintomas, as receitas, os remédios e consultas. Cada exame que eu fazia, recebia uma sentença de morte. Li muito também os livros da Verdade neste período, e aquilo que não teria salvação ou mesmo só três meses de vida, converteu-se em um nódulo hemorrágico, em baixo da minha língua, que coagulava e depois vazava. Precisei apenas de uma intervenção cirúrgica para remover o que de fato converteu-se em benigno.
Lembro-me que na época conversei com meu amigo, e orientador professor Ênio Hara, que me disse sem delongas: Se Deus está lhe chamando vai...
Nisso entendi que tinha que praticar o desapego.
Uma vez eu estava fazendo uma palestra na regional DF-Brasília, um Seminário pró Convenção Nacional da Associação dos Jovens e estava com muito “pus” e não conseguia nem falar direito, entre um intervalo de uma actividade e outra, fui ao banheiro com um clips furei e coloquei tudo pra fora, revogando que eu não era escravo de nenhuma doença.
Vivi isso em inúmeras actividades naquele ano, geralmente por forçar a língua. Quando o nódulo estava inflamado estourava sozinho, no meio da actividade. Apenas me virava, tomava tudo com água, pedia mais um copo e me reafirmava como Vida que nasceu de Deus isenta de doença e seguia em frente.
Sei que não se compara ao que muitas pessoas vivem, há muitos sofrimentos, mas ainda assim posso compreender hoje e muito as dores da alma humana e suas aflições.
Um dia acordei com uma oração, na mente: “sabe meu subconsciente, (na infância passei por cinco tentativas de suicídio tudo por via oral) esta mesma boca que um diz quis dar cabo da minha vida hoje é utilizada para transmitir a verdade, portanto subconsciente, aceite: Eu tenho missão para com a verdade.”.
No final passei por uma intervenção cirúrgica e foi um momento muito mágico, porque quando me fragilizei, reconheci o amor de minha família que de joelhos oravam por mim.
No ano retrasado tive que lidar com um tumor no estômago, meu querido companheiro, nele somatizo minhas tristezas. Passei por três sessões de radioterapia, e mais uma vez, muita dedicação ao próximo. Tendo que lidar às vezes com muitos “crápulas” dentro do ensinamento que você dúvida até que são cristãos, mas depois entendi que todos foram anjos de luz, que materializaram em si, toda a minha negatividade, tirando do meu interior e me devolvendo em forma de atitudes que tive que aprender a perdoar. Para assim, eu me perdoar e em definitivo me libertar dessas dores.
O “outro” nesta escola da vida, chamada Terra, esse “outro” que do nosso ponto de vista quer o nosso mal, na verdade não passa de um “grande anjo de luz”, que nos faz mergulhar na verdade e assim nos purificamos graças a esses inúmeros sofrimentos.
Foi somente quando eu reconheci que sou humano, que choro, fico com raiva, me entristeço, que tem coisas de que eu não gosto, fico bravo, que também às vezes posso odiar, é que tive condições de trabalhar com todos esses meus sentimentos.
Enquanto eu tentava me esconder, atrás da minha verdade, minha vida era boa, mas ainda me permitia viver com muitas angústias.
Quando aceitei de bom grado e reconheci todas as minhas fraquezas é que pude saber como lidar com elas.
Hoje sei que na minha natureza humana, cometo falhas que fazem parte do meu aprendizado, e é por saber que sou humano, que consigo aceitar a minha natureza divina, e me sentir um digno merecer de minha hereditariedade de filho de Deus.
Esta é a escola da Vida, chamada Terra. E no tempo de Deus, diferente do tempo da nossa ansiedade... Tudo se ajusta.
Graças a Deus.
Mas o que é mesmo nascer?

Continua....

Ariovaldo Adriano Ribeiro

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